Estica para cima, para baixo, alonga, respira, acaricia um gatinho no tapete, recebe uma lambida. É sábado, dia de ioga no Gato Café. Prefere debater ideias? Às quintas-feiras tem Clube do Conto no Amélie Crêperie. Além de boa comida e bebida, a programação de restaurantes, shoppings e hotéis conceituados da Barra e dos bairros vizinhos está cheia de eventos especiais, que acontecem com periodicidade fixa e formam um roteiro interessante para quem busca sair da rotina.
As aulas de cat yoga no Gato Café, cafeteria inspirada no mundo dos felinos e habitada por eles, acontecem uma vez por mês em seu salão, no Via Parque. Foi pensando em estimular o convívio entre bichanos e humanos e ajudar a quem precisa reduzir o estresse que o estabelecimento lançou o projeto. De quebra, a iniciativa acaba estimulando a adoção responsável. Os gatos da casa ficam livres durante o exercício, para interagir com quem desejarem. Se não quiserem proximidade, têm uma área extensa para permanecerem. Mas tem sido comum ver algum praticante sair de lá levando um membro peludo para aumentar a família, conta Branca Molinaro, sócia do lugar.
— Muitas pessoas adotam um bicho porque gostaram da sua aparência, e, nestes casos, o número de devoluções é muito grande, pois não há afinidade. Porém, quando há uma situação de convivência e relacionamento, como na cat yoga, em um momento agradável, é muito comum ambos (tutor e bichano) se apaixonarem, e as chances de devolução são bem baixas — observa ela.
A atividade acontece aos sábados, às 9h, antes de o shopping abrir. A loja fica fechada até as 10h só para a ioga, proporcionando um clima tranquilo, sem movimentação. Ao final, os participantes ganham um saco de areia para levar para casa e 10% de desconto no café da manhã. A experiência custa R$ 80 e deve ser adquirida antecipadamente pela plataforma Sympla.
No Amélie Crêperie do BarraShopping, toda quinta-feira, às 15h, um grupo se reúne para se alimentar de uma mistura potente: as galettes, uma espécie de crepe típico da Bretanha, acompanhadas de saborosas conversas literárias, a partir de contos de autores como Clarice Lispector, Vinicius de Moraes e Franz Kafka. Com mediação de Raquel Oguri, escritora e mestra em literatura, os participantes do Clube do Conto destrincham textos curtos e conversam para encontrar interpretações diferentes sobre o mesmo assunto.

A participação em cada reunião custa R$ 100. Os contos são enviados previamente por e-mail para cada inscrito, mas não é obrigatório tê-lo lido para participar do encontro. Erika Nobre, que frequenta o clube desde a sua fundação, chega às reuniões com a leitura feita. Ela comenta que não se adaptou aos clubes de livros, pois os integrantes não liam a obra completa e a conversa acabava não sendo muito produtiva.
— Eu gosto de ler e discutir o texto, e não é comum encontrar pessoas que também queiram conversar sobre literatura. A ideia de contos é muito feliz, pois são textos pequenos, e a mentoria da Raquel é feita de forma delicada, sem autoritarismo. O conto era considerado uma literatura menor, mas o escritor tem pouco espaço, então não pode desperdiçar uma palavra sequer. Tem que falar muito com pouco e, assim, oferece muito para o leitor. Estou adorando o clube por conta disso — relata a aposentada.
Raquel conta que a cada semana a troca fica mais interessante. Ela costuma explicar um pouco sobre teoria literária, para que os participantes se desenvolvam como leitores. Ainda segundo a idealizadora, o grupo de mulheres que frequenta as sessões toda semana, cerca de seis, já virou uma comunidade, e provavelmente elas irão juntas para a Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty.
Para Marília Paes Leme, aposentada que não falta a um encontro do clube do conto, a leitura é melhor quando orientada, para entender a dimensão do trabalho:
— Orientações durante a leitura são de muita valia, de uma grandeza importantíssima. Tem escritores que não conheço e de quem viro fã depois dessas leituras. Discutir Murakami (escritor japonês), por exemplo, foi uma abertura de mente maravilhosa para mim. Me torno uma pessoa diferente sempre que saio dos encontros — conta, empolgada.
O wine bar Praça 7, no Recreio dos Bandeirantes, aposta em eventos que estão intimamente relacionados à sua identidade. Promove degustações às cegas todas as quintas-feiras, às 19h30, e jantares harmonizados uma vez por mês.

Nas degustações, cujos preços variam de R$ 120 a R$ 160, o cliente pode provar de cinco a sete rótulos, e a intenção é apresentar os contrastes entre regiões e castas. Cada edição pode ter até 15 participantes.
Os jantares, por sua vez, contam normalmente com seis rótulos: um para as boas-vindas, dois para entradas, outros dois para pratos principais e um último para a sobremesa. As inscrições para os dois eventos devem ser feitas pelo perfil de Instagram @praca7_winebar.
— Eu quis implementar os jantares com uma forma de experiência sensorial com o vinho e a comida, mas as degustações às cegas são uma forma de educar e guiar o cliente para um tipo de produto mais nichado — diz Pedro Freitas, sócio do bar de vinhos. — Assim, ele descobre do que realmente gosta, e faz compras mais acertadas.
Em muitos outros restaurantes da região, o investimento em música em um determinado dia da semana é a opção para proporcionar uma experiência diferente aos clientes. Bar do chef Pedro de Artagão, que comanda os restaurantes do Grupo Irajá, o Boteco Rainha do Rio Design Barra aposta no chorinho no fim das tardes de sábado, das 14h às 17h. Este mês, vão se apresentar Andinho Maia (dia 17), Pedro Menezes (24) e Josi Araujo (31). O couvert artístico tem valor de R$ 9,90. Enquanto ouve a música, o público pode degustar quitutes como escabeche de sardinhas (R$ 32), polvo à vinagrete (R$ 140), torresmo de barriga (R$ 42), empanadas, pastéis e croquetes.
Já o espaço intimista Naga Lounge, a varanda anexa ao salão principal do restaurante Naga, no VillageMall, recebe pocket shows às sextas e aos sábados, das 21h à 1h. A programação musical da casa acaba de ganhar novas atrações e oferece diferentes estilos musicais a cada noite. Tem pop nacional, internacional, MPB e blues.
Na próxima semana, Rafael Oliveira se apresentará na sexta, com repertório que inclui MPB, pop e rock nacional e internacional, e Lanna Rodrigues no sábado. Ela volta ao palco no dia 23, com estilo musical que transita entre a MPB, o pop e o samba. No dia 24, o espaço é de Ju Vianna, backing vocal de projetos como o DVD de 50 anos de Alcione e com participações em programas como “The voice” e “Popstar” no currículo. Encerrando o mês, Lanna e Ju voltam ao palco do Naga Lounge no último fim de semana de maio. A entrada custa R$ 30.
A carta de drinques do Naga, assinada pelo mixologista Alex Mesquista, é um show à parte, com uma seleção de coquetéis autorais como o Secret Garden, que leva tiquira, uma bebida destilada típica do Maranhão, feita a partir da mandioca e conhecida pelo seu alto teor alcoólico e sabor marcante (R$ 52). O Naga Club, com jerez fino, licor de flor de sabugueiro, bitter e abacaxi (R$ 52), é outra boa pedida.

Em Vargem Pequena, todo sábado, há dez anos, o restaurante Grillo recebe bandas de rock alternativo, a maioria delas da própria região. As apresentações acontecem a partir das 20h.
O empresário Renato Guimarães, dono do restaurante e roqueiro de carteirinha, diz que o estabelecimento, com capacidade para 90 pessoas, é mais uma opção para não deixar “o rock morrer” e recebe no fim de semana clientes vindos de diferentes pontos do Rio. Difícil é fazer a curadoria das atrações.
— Recebemos dezenas de pedidos de músicos para se apresentar em nosso espaço e confesso que é até difícil selecionar. São bandas ótimas e já temos um público cativo — conta.
Nos hotéis, a experiência combinando música e gastronomia pode ser revestida de charme. No Cantô Gastrô & Lounge, restaurante do Grand Hyatt, todas as quintas-feiras, das 19h às 21h, a noite é de jazz, ostras e espumante à vontade (R$ 218 + 10%). A programação eclética, aberta a hóspedes e não hóspedes, avança pelo fim de semana. Nas sextas, é a vez de degustação de vinhos tinto, branco, rosé e espumante, das 20h às 23h (R$ 242 + 10%), ao som do show de voz e violão de Theo Bial, que reúne um repertório com referências de bossa nova, jazz e MPB.
Sábado, depois da tradicional feijoada semanal com samba (R$ 203,50 + 10%), das 13h às 17h, a degustação é de drinques autorais, com tábua de petiscos (R$ 217,80 + 10%, por adulto), das 20h às 22h, num evento chamado de Carioca Night, embalado por samba e MPB.

Em diversos outros hotéis da região, a feijoada é o carro-chefe de sábado. É o caso do Hotel Nacional, em São Conrado, onde o prato é degustado à beira da piscina, ao som de roda de samba, sempre do meio-dia às 16h, com preço de R$ 149 por pessoa. Os grupos musicais variam. O mais assíduo na animação do evento é o Boarim Samba Show, que toca sambas e pagodes clássicos.
Centros de compras também têm iniciativas com frequência regular para atrair ou reter seus clientes. Como o Recreio Shopping, que apresenta o Música na Praça, todas as sextas-feiras, às 19h, em sua praça de alimentação, numa parceria com o restaurante Hot N’ Tender, de frango crocante. A dupla Elaine e Jenny será a atração ao longo de todo o mês de maio, com músicas da MPB no setlist.
No Uptown, os próprios lojistas se reúnem, no primeiro fim de semana de cada mês, na Feira Tudo Aqui, montada no Mercado de Produtores, no Bloco 12, do meio-dia às 22h. O tema muda a cada edição. Em maio, foi Dia das Mães. O próximo, nos dias 7 e 8, será Dia dos Namorados. Com tantas opções disponíveis, só não faz um programa diferente ocasionalmente quem não quiser.