Sete meses depois de secar, lago do Bosque da Barra ainda está sem água

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No dia 09/10 do ano passado, o lago do Bosque da Barra secou por completo. O motivo foi a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto do bairro, um projeto da concessionária Iguá. Após notar que a obra estava provocando a secura, a Prefeitura mandou parar.

A obra da Iguá estava fazendo um rebaixamento do lençol freático. A ação levou a secura gradual do lago do Bosque. À época, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) afirmou que jamais autorizou esse rebaixamento.

No dia 6 de setembro do ano passado (quase um mês antes do lago secar por completo), a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (AGENERSA) verificou falhas nas obras e funcionamento da Estação de Tratamento de Esgotos da Barra da Tijuca, operada pela concessionária Iguá. A planta é colada ao Bosque.

A reportagem do DIÁRIO DO RIO perguntou para Iguá por que a concessionária não monitorou o lençol freático no início da obra e se isso poderia evitar o problema, mas ainda não teve resposta.

De outubro do ano passado para cá, o lago chegou a receber bombeamentos de água (feitos pela concessionária Iguá), mas secou novamente. Atualmente, encontra-se seco, como constatou a reportagem do DIÁRIO DO RIO nesta semana.

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Os lagos menores do Bosque da Barra também estão secos, como mostra essa foto feita pela reportagem do DIÁRIO DO RIO na última quarta-feira, 02/04.

A reportagem também questionou a Iguá sobre se o bombeamento de água nos lagos é o suficiente, mas a resposta não foi enviada até a publicação na manhã desta sexta-feira (04/04).

“O inacreditável jogo de empurra, o pouco caso diante do problema tem uma origem: a falta de gestão ambiental no Rio de Janeiro. É imperativo que Prefeitura, Inea e AGENERSA cheguem a um bom termo para que uma solução ocorra o quanto antes. Causa espanto a morosidade de ação. Está evidente que houve no mínimo imprudência da concessionária. A Iguá fez um rebaixamento de lençol freático sem comunicar ao Inea? A solução virá em quanto tempo? Quais os danos irreversíveis? Por que a AGENERSA nada fez? São muitas as perguntas ainda não respondidas“, disse o gestor ambiental Emanuel Alencar.

O Bosque da Barra é rico em fauna e flora. A secura do lago afeta todo o ecossistema local. Dezenas de jacarés, aves, peixes, anfíbios e outras espécies de animais, além de árvores e plantas, estão sendo afetadas, de acordo com avaliação do INEA e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC).

Quando o lago secou pela primeira vez, garças buscavam alimentos no que restou do chão molhado. Jacarés rastejam na lama. No Bosque vivem 27 jacarés-de-papo-amarelo.

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“A seca prolongada do lago pode causar um desequilíbrio ecológico sem precedentes, afetando negativamente a biodiversidade e a saúde deste ecossistema. O impacto pode ser significativo colocando em risco diversas espécies de fauna e flora, algumas delas ameaçadas de extinção, como o Jacaré-de-papo-amarelo. O estresse hídrico pode levar à diminuição de habitats para diversas espécies, especialmente aquelas que dependem de ambientes aquáticos param se alimentar, reproduzir ou se abrigar. Isso pode resultar em migrações forçadas, diminuição da população de algumas espécies. Além disso, a falta de água pode favorecer o crescimento de plantas invasoras, que competem com as espécies nativas por recursos“, afirmou Cristiane Fiori, coordenadora do curso de graduação em ciências biológicas da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e professora do mestrado profissional em ciências do meio ambiente também na UVA.

Fiori também pontuou que “algumas ações podem ajudar a mitigar os efeitos da seca e promover a recuperação do ecossistema, garantindo a sobrevivência da fauna e flora do Bosque da Barra. O mais importante, num primeiro momento é o reestabelecimento e manutenção de um volume hídrico suficiente para garantir a vida destes organismos. Importante também realizar um monitoramento das espécies que habitam a área para entender suas necessidades e identificar quais estão em risco. Isso pode ajudar a direcionar esforços de conservação“.

Em relação ao manejo das espécies em risco para um novo lugar, Cristiane Fiori frisou: “Levar os animais para outro local pode ser uma solução, mas somente em casos extremos. Essa avaliação deve ser feita por profissionais com experiência em manejo de fauna e deve ser considerada como último recurso, após avaliar todas as alternativas e os potenciais impactos. Esta ação deve ser feita com cautela e planejamento, considerando as características do novo habitat, pois um local inadequado pode resultar em mais estresse, além daquele já causado no processo de captura e transporte“.

DIÁRIO DO RIO perguntou à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SAMC) se existe algum levantamento sobre as atuais condições de animais e plantas do Bosque da Barra neste período com o lago seco. A SMAC também foi questionada sobre se esses animais poderiam ser lavados para outra área verde e o que pode ser feito para recuperar os lagos do Bosque. Até o momento da publicação da reportagem, as respostas não foram enviadas.

A concessionária Iguá também foi contactada para falar sobre o que pode ser feito em relação à recuperação do lago, mas não respondeu o e-mail.

O Bosque da Barra tem 54,398 hectares e foi criado há 41 anos para recuperar e preservar animais, árvores e plantas em uma região com forte expansão imobiliária. Abriga restingas, brejos É um refúgio verde em uma das áreas mais movimentadas da Barra da Tijuca.

Atualização às 12h30, 04/04

Iguá informa que cumpriu todas as exigências dos órgãos licenciadores e fiscalizadores para a execução das obras de ampliação da ETE Barra. O rebaixamento do lençol freático consistia em uma etapa desta intervenção e foi finalizado em outubro/2024 – o que demonstra a relação entre a seca nos lagos artificiais do Bosque da Barra com a sazonalidade e ausência de precipitações, atípicas para o período.
Sobre os bombeamentos, a concessionária esclarece que atendeu ao pedido do Ministério Público e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC) e desde 14 de março realiza novo aporte de água potável no lago artificial do PNM, de forma colaborativa, nos pontos indicados pela gestão do parque municipal. Realizado por solicitação da SMAC, o abastecimento previsto de 70.000 m³ está sendo feito de forma gradual, considerando a vazão média diária.

fonte: https://diariodorio.com/sete-meses-depois-de-secar-lago-do-bosque-da-barra-ainda-esta-sem-agua/

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