Torre H: Veja como estão as obras do prédio planejado por Oscar Niemeyer, na Barra, que será entregue em dezembro, 40 anos após o prazo

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Retomadas graças a um acordo entre proprietários das unidades e a empresa Capital 1, as obras da antiga Torre H, que passa a se chamar Niemeyer 360° Residences, serão concluídas até o fim deste ano. No momento, o trabalho consiste em finalizar os apartamentos duplex, localizados nos andares mais altos, e a área de lazer, no térreo.

O empreendimento na Avenida das Américas ficou abandonado de 1984, quando as obras foram paralisadas devido à crise financeira da construtora Desenvolvimento Engenharia, até 2022. O prédio seria parte de um empreendimento com 76 torres cilíndricas, projetado por Oscar Niemeyer, do qual apenas três foram erguidas. A H ficou pela metade. Em 2004, o local chegou a ser invadido por pessoas em situação de rua.

Agora, o Niemeyer 360° Residences, batizado assim por causa de seu rooftop com vista de 360 graus, se prepara para ser o edifício residencial mais alto do Rio, segundo a construtora. O prédio teve a parte frontal modernizada por Paulo Sérgio Niemeyer, bisneto de Niemeyer. No ano passado, a Capital 1 promoveu uma edição da mostra de arquitetura e decoração Casa Design no local, uma forma de levar potenciais compradores até lá e mostrar como ficariam os apartamentos decorados.

Confira fotos do Niemeyer 360º Residences, novo nome da Torre H

Rebatizada de Niemeyer 360º, a antiga Torre H, projeto de Oscar Niemeyer na Barra da Tijuca, será entregue até 2025, segundo a construtora — Foto: Divulgação/Rossana Henriques

Prédio será entregue em dezembro de 2025, diz construtora

O prédio, com 120 metros de altura, tem 448 estúdios de 40m² e 13 apartamentos duplex de 80m². Os apartamentos são localizados do primeiro ao 36º andar. Os últimos dois são ocupados por um mezanino (uma área de lazer com poltronas, TV e bar para eventos) e rooftop com paisagismo e vista para a praia, para a Lagoa da Tijuca e para a Avenida das Américas. Já os apartamentos com vista para o mar são os localizados entre o 28º e o 36º andar, das colunas 7 a 13. As unidades das colunas 8 a 12 têm vista para a Lagoa da Tijuca. As demais dão para a Avenida das Américas e os arredores. Quanto mais alto o andar, mais caro o apartamento. O preços variam de R$ 670 mil (estúdio nos andares baixos) a R$ 893 mil. Há ainda três coberturas duplex , que custam entre 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão.

— Há algum tempo eu já queria um apartamento na Avenida das Américas, pois tem padaria, shopping, mercado e praia ao redor. Fora que me sinto mais seguro na Barra do que na Zona Sul, por exemplo. Soube que o projeto era de Oscar Niemeyer e que a construtora estava mantendo o visual original. Tudo isso me atraiu, e acabei comprando o apartamento no mesmo dia em que vi um decorado.

O petropolitano Arthur Corrêa, de 32 anos, comprou um estúdio no Niemeyer 360° em dezembro de 2023. Ele se diz animado para passar os fins de semana perto da praia:

Entre os primeiros compradores, muitos venderam suas unidades para a Capital 1. Mas houve os que persistiram em realizar o sonho de ter um imóvel na Torre H. É o caso do diplomata francês Gérard Scerb, de 74 anos, que comprou um apartamento ali quando tinha apenas 17, morava em São Paulo e planejava ter um espaço no Rio para visitar a cidade com frequência. Na época, estudante e professor de francês, Scerb pagou as prestações a duras penas. O pai chegou a alertá-lo sobre o risco de o projeto não ir para frente, devido à sua magnitude, mas ele resolveu arriscar:

— Mesmo com a paralisação das obras, continuei pagando o IPTU. Sempre tive esperanças de as obras serem concluídas e, por uma questão cultural, não pensei em processar a antiga construtora, embora ninguém goste de ser passado para trás.

O diplomata chegou a comprar outro apartamento na Barra da Tijuca para temporada. Quando o do 360° Residences ficar pronto, terá a mesma finalidade.

— Gosto muito da Barra, porque lá enxergo o céu, consigo respirar melhor e tem mar. E agora, com metrô, o deslocamento ficou mais prático, já que sem automóvel é complicado transitar pelo bairro — diz.

É capaz de Scerb e Corrêa se esbarrarem nas áreas comuns do condomínio. A lavanderia coletiva fica no térreo (somente os duplex têm espaço para uma máquina de lavar pequena), assim como a área de lazer com piscina, sauna, duas churrasqueiras, um forno para pizza e um futuro restaurante ou mercado gourmet.

Até agora, foram vendidas 60% das unidades. Antônio Carlos Osório, um dos sócios da Capital 1, afirma que a empresa decidiu recuperar o empreendimento por ser uma obra de Niemeyer e pela certeza de que as vendas iriam bem, apesar da má fama do prédio — ou até, em parte, justamente por causa dela:

— O produto fala por si. Quando é bom, é bem recebido e absorvido. A história das torres pode até ajudar, pois corre na boca do povo o retorno das obras, as pessoas notam quando passam em frente, comentam. Fora que a localização é central e evidente na Barra. Estamos inclusive vendo uma aceleração nas vendas à medida que as obras avançam. Ao verem que elas de fato estão acontecendo, as pessoas estão perdendo o ceticismo vindo do histórico do prédio, deixando de achar que ele não será finalizado mais uma vez.

Antônio Carlos Osório, um dos sócios da incorporadora Capital 1, no terraço do Niemeyer 360º Residences — Foto: Divulgação / Rossana Henriques
Antônio Carlos Osório, um dos sócios da incorporadora Capital 1, no terraço do Niemeyer 360º Residences — Foto: Divulgação / Rossana Henriques

Este é o segundo imóvel inacabado comprado pela brasiliense Capital 1 no estado para ser terminado. Em 2008, a empresa comprou e retomou as obras do Icaraí Towers Residencial Club, em Niterói. O prédio foi entregue em 2012.

— Está sendo desafiador pegar um legado de Niemeyer e tentar concluí-lo de maneira fiel. Para isso, convidamos o Paulo Niemeyer para o projeto. Ele complementou e modernizou aspectos do prédio, como a fachada e a área de lazer — diz Osório. — Com a arquitetura orgânica e sinuosa de Niemeyer, o projeto é mais difícil e mais caro de executar. O bacana é que a arquitetura do prédio ainda é atual. As curvas estão muito em voga, basta ver empreendimentos mais recentes em Miami, Chipre, Nova York, Londres. Niemeyer sempre esteve à frente de seu tempo.

fonte: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/barra/noticia/2025/03/13/torre-h-veja-como-estao-as-obras-do-predio-planejado-por-oscar-niemeyer-na-barra-que-sera-entregue-em-dezembro-40-anos-apos-o-prazo.ghtml

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