Um estudo técnico encomendado pela Rock World, empresa de Roberto Medina e que organiza o Rock in Rio, prevê investimentos da ordem de R$ 2,9 bilhões em infraestrutura para a região da Barra da Tijuca. O documento, revelado pelo caderno da Barra, do jornal O Globo, propõe uma série de intervenções viárias, expansão do transporte público e integração entre modais como parte da estratégia para viabilizar o Imagine — megaprojeto de lazer, cultura e negócios a ser implantado na área do Parque Olímpico e anunciado no ano passado.
Chegada do VLT à Barra
O levantamento inclui obras como mergulhões, novas vias, passarelas e a chegada do VLT à região. Só os projetos na Avenida Abelardo Bueno, que envolvem túneis nos cruzamentos com as ruas Coronel Pedro Corrêa e Imperatriz Leopoldina, somam R$ 319,3 milhões. Há ainda a proposta de uma ponte estaiada sobre a Lagoa de Jacarepaguá, com espaço para o VLT, orçada em R$ 731,2 milhões.
A principal fatia do estudo vai para um novo ramal de VLT entre a Cidade das Artes e a estação do BRT Transolímpica, estimado em R$ 994 milhões. Outra conexão por VLT entre o metrô Jardim Oceânico e a Cidade das Artes aparece no plano com custo de R$ 519 milhões. A chamada Via 4, com ciclovia, passeio e urbanização do canteiro central, acrescenta mais R$ 170 milhões ao pacote.
Embora tenha contratado o estudo, a Rock World não prevê investir diretamente nessas obras. A empresa afirma que seu papel será viabilizar o complexo Imagine, e que o estudo serve para orientar o poder público e atrair operadores privados para tocar as intervenções externas.
Proposta é discutida na Câmara
A proposta foi discutida na última terça-feira em uma reunião técnica na Câmara dos Vereadores. O encontro foi convocado após uma audiência considerada insatisfatória pelos parlamentares. O vereador Pedro Duarte (Novo), presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, reconheceu o valor do projeto para a economia da cidade, mas alertou para os gargalos históricos da região:
“Sigo muito preocupado com a mobilidade. A região está beirando o estrangulamento. O trânsito tem ficado cada vez mais difícil. Venho cobrando da prefeitura essas soluções. Onde ela vai entrar nisso tudo?” afirmou o parlamentar.
A discussão ocorre num momento em que o projeto de lei 169/2024, que institui a Operação Urbana Consorciada (OUC) do Parque Olímpico, está prestes a ser votado. A OUC permite, entre outras coisas, a transferência de potencial construtivo da área para outros pontos da Barra e de Jacarepaguá, viabilizando a implantação do Imagine.
Desde o início dos anos 2000, a região do antigo Autódromo de Jacarepaguá — hoje Parque Olímpico — passou por uma rápida transformação urbana, impulsionada por empreendimentos como o Rio 2 e, mais recentemente, pelos projetos de mobilidade ligados aos Jogos Olímpicos. Oficialmente desmembrada da Curicica desde o ano passado, a chamada Barra Olímpica concentra hoje uma expansão imobiliária intensa e mais barateada, sem que a infraestrutura tenha sido dimensionada para acompanhá-la.
Projeto Imagine
Segundo a Rock World, o Imagine será um polo permanente de entretenimento, com resort, parque temático, arenas, áreas culturais e até um teleférico interno. A empresa afirma que o projeto será capaz de atrair operadores logísticos e investidores para o entorno, e que parte das melhorias urbanas deverá ser incorporada ao longo do desenvolvimento do complexo. A inauguração estava prevista inicialmente para o início de 2028, algo que deve se estender devido à demora para aprovar o Projeto de Lei.
A prefeitura informou que as sugestões técnicas estão em análise e que a votação do PL depende de ajustes a serem discutidos nos próximos dias.