Mulher é acusada de cometer racismo religioso durante evento em hotel na Barra da Tijuca

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Uma mulher foi encaminhada à 16ª DP (Barra da Tijuca) após ser acusada de racismo religioso em um hotel da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Moradora de São Paulo, ela está hospedada num hotel que recebe este fim de semana o seminário do Observatório Mãe Beata de Iemanjá, que discute a criação de políticas públicas para o combate da intolerância religiosa. Segundo as organizadoras do evento, a mulher foi ao hall do hotel e fez xingamentos em relação às vestimentas dos praticantes de religiões de matriz africana que estavam no evento. Ela teria gritado que o local estava “cheio de gente horrorosa com essas roupas, gordas feias”.

Glauciele Maria de Souza, a Iyá Glauciele T’Osun, uma da organizadoras do seminário, foi à delegacia para registrar a ocorrência. Ela conta que outras pessoas hospedadas no hotel para o seminário contaram que nesta sexta-feira já tinham sido vítimas de xingamentos pelas roupas que usavam.

— Ela dizia que o hotel estava horrível por causa da gente. Fico triste pelo que aconteceu, a gente ainda precisa lutar pelos nossos direitos. Não podemos é cruzar os braços e deixar passar. Não é se aproveitar, mas é fazer com que as pessoas entendam que conhecemos os nossos direitos — diz ela.

Os xingamentos ocorreram por volta das 12h, no mesmo momento que no auditório do hotel acontecia o debate de como as instituições da Justiça podem auxiliar no combate ao racismo religioso. Uma das palestrantes convidadas era a defensora pública da União Natália von Rondow, que acionou a Polícia Militar ao ser chamada pela organização do evento para prestar auxílio.

— Justamente em um dos dias do lançamento do Observatório que é para combater o racismo religioso, acontece isso. Foi algo bem simbólico. Acho que retrata bem o que é o racismo religioso mesmo no país: é uma violência constante e não há um minuto de paz — conta a advogada.

A deputada estadual Renata Souza (PSOL), autora da lei que criou o Observatório Mãe Beata de Iemanjá, concorda com a defensora de que o episódio reflete o que os religiosos de matriz africana sofrem diariamente:

— Esse episódio de racismo religioso justamente durante um evento sobre o problema parece inusitado, mas infelizmente reflete com fidelidade a dimensão do problema. Precisamos tirar do papel o Observatório Mãe Beata de Iemanjá, um mecanismo que vai coletar, sistematizar e produzir conhecimento sobre o racismo religioso, e assim vai permitir a formulação de políticas públicas eficazes de combate a essa discriminação que fere frontalmente a liberdade religiosa e a própria identidade brasileira em suas matrizes africanas — afirmou.

Procurada, a Polícia Civil disse que na noite deste sábado os envolvidos ainda estavam sendo ouvidos na delegacia e que a ocorrência estava em andamento.

fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/12/07/mulher-e-acusada-de-cometer-racismo-religioso-durante-evento-em-hotel-na-barra-da-tijuca.ghtml

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