A Secretaria municipal de Infraestrutura lançou na semana passada dois editais de licitação para melhorias no acesso à orla da Barra da Tijuca e tentar acabar com um gargalo no trânsito no fim da tarde para o motorista que deixa o bairro. A maior intervenção vai durar cerca de dois anos e terá custo estimado de R$ 60,3 milhões. Os recursos serão gastos na duplicação de uma ponte sobre o Rio Arroio Fundo, localizada nas proximidades da loja de material de construção Fluzão, na Avenida Ayrton Senna, sentido Linha Amarela.
Hoje, o motorista que deixa a Barra pela Ayrton Senna tem quatro faixas à disposição até chegar à ponte. O estreitamento da pista provoca um gargalo que costuma provocar retenções no fim do dia. Motoristas podem perder mais de uma hora para atravessar a Ayrton Senna, em um trajeto que, com trânsito, reduzido não levaria mais do que dez minutos.
De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), hoje essa via recebe 45 mil veículos por dia, permitindo a passagem de 3,6mil mil carros por hora. Com a intervenção, essa capacidade passará para 90 mil por dia.
Capacidade dobra
— O trânsito é tão irritante que já saí de um portão do Barra Shopping e entrei por outro logo a seguir. Preferi ir ao cinema a ficar parado — contou o servidor público aposentado Mário Ribeiro da Silva, de 73 anos, que mora no Méier.
O outro gargalo fica na chegada à praia pela Avenida Ayrton Senna, na altura do condomínio Alfabarra. Quem segue para o Jardim Oceânico ou retorna precisa circular por mais 300 metros no sentido Praia da Reserva antes de chegar ao primeiro retorno. Esse deslocamento cria um ponto de estrangulamento, porque o trânsito de 25 mil veículos diários se mistura com o que deixa o Recreio Nesse caso, as obras devem durar aproximadamente oito meses. O custo é estimado em R$ 5,7 milhões.
— A proposta é construir uma rotatória nessa chegada à praia, eliminando a necessidade do motorista de seguir até um retorno próximo da entrada da Reserva — explicou a secretária de Infraestrutura Jessick Trairi.
Os vencedores da concorrência devem ser conhecidos até novembro. As intervenções mais intensas devem acontecer só no ano que vem, explicou a secretária.
— Essas intervenções são importantes para eliminar alguns gargalos da Barra, que têm crescido mais para essa região. Do outro lado, a situação já havia melhorado bem com a implantação de novas vias pelo projeto do BRT Transolímpico, para a Olimpíada — avalia o empresário Carlos Felipe de Carvalho, da construtora Carvalho Hosken.
Especialista em propostas para de Cidades Inteligentes, Paulo Takito, da Urban Systens, observa que na teoria, o ideal seria sempre é investir em projetos de transporte coletivo, incluindo ônibus e metrô. No entanto, há questões a levar em conta, como a particularidades de alguns bairros:
— Historicamente, o crescimento da Barra esteve atrelado ao uso do carro. Esse fator deve ser levado em conta em projetos da região — avaliou Takito.
O presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, ressaltou que essas obras foram negociadas em uma espécie de contrapartida pela transferência para a região de potenciais construtivos de outras áreas da cidade. Esse sistema viabilizará, por exemplo, a reforma do Estádio de São Januário e a implantação de um autódromo em Guaratiba.
— A negociação prevê ainda a conclusão das obras de conexão da Avenida Via Parque (via principal da Península) até a Linha Amarela — complementou Delair.